Prefeito de Itajubá manda servidores da educação 'arrumarem outro lugar'

O prefeito de Itajubá, Christian Gonçalves (DEM), foi criticado após declarações em um programa de rádio na manhã desta terça-feira (23). Durante transmissão ao vivo no programa Conexão Itajubá, transmitido pela internet e pela Rádio Panorama, ele criticou servidores da educação insatisfeitos com as condições de trabalho.

Há alguns meses, servidores cobram da prefeitura um posicionamento para colocar em pauta o projeto de Lei que reajusta os salários a partir das perdas por conta da inflação. Em Itajubá, apenas servidores da Câmara Municipal tiveram o projeto de lei para reajuste votado em plenário, enquanto que os trabalhadores da prefeitura, não.

Durante sua fala, ele afirmou que os trabalhadores, que são concursados, poderiam procurar outro lugar para trabalhar. "Sinto muito, aqueles que não estão satisfeitos, que não ficaram felizes. Aí eu vou até além: aquela pessoa que hoje trabalha dentro da educação, que não está feliz, isso serve para todo lugar, como dentro da prefeitura. Se não está feliz, não está satisfeito, não fica lá não, gente. Isso faz mal para você. Pede conta, arruma um outro lugar para você trabalhar, onde você vai estar feliz", disse. 

A declaração foi mal vista por parlamentares que defendem o reajuste a partir das perdas para os servidores. O vereador Pedro Gama (PV) prestou solidariedade a todos os professores e profissionais da educação. Ele classificou a postura do prefeito como lamentável. 

"Não posso ser condizente e me manter em silêncio diante de uma fala que, de maneira agressiva, desrespeita os nossos servidores e demonstra desinteresse em colocar em prática a efetiva valorização dos profissionais de educação em nosso município.", afirmou. 

A falta de reajuste também tem relação que a falta de recursos utilizados pelo Fundo Nacional da Educação Básica (Fundeb). Nas regras do programa, os profissionais do magistério têm direito a 70% dos recursos para remuneração. Porém, a cidade de Itajubá pode não atingir o valor mínimo defendido pela lei.

A vereadora Andressa Daiany, do mandato coletivo Nossa Voz (PT), manifestou indignação diante da fala do prefeito. Ela afirma que qualquer abono ou gratificação utilizando um recurso que é concedido por direito, não é "rasgar dinheiro". Ela também afirma que a valorização do profissional da educação não se dá por horas extras, já que elas são pagas diante de aumento da carga de trabalho.  

"Será que são os profissionais insatisfeitos que precisam procurar um outro trabalho? Ou a nossa cidade é que precisa de uma outra gestão? Que realmente valorize esses profissionais", avaliou.

Para Adilson Soares, presidente do sindicato dos servidores municipais em Itajubá, a fala do prefeito foi desnecessária. "A gente já está trabalhando nisso aí. Hoje eu falei com alguns secretários e vamos bater de frente a respeito disso aí. Isso é uma falta de respeito com o funcionalismo público", disse.