A Associação Grupo Apoio à Inclusão (AGAI) e a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) em Itajubá criticaram, em nota, a recusa de vereadores a moção de repúdio sobre a fala do ministro da Educação contra a inclusão de pessoas com deficiência.
Durante entrevista no dia 9 de agosto, ele afirmou que a inclusão de alunos com necessidades especiais atrapalha o aprendizado de outras crianças sem a mesma condição. Ele defendeu a criação de turmas e escolas especializadas que possam atender estudantes com deficiência de forma separada.
“Nós temos, hoje, 1,3 milhão de crianças com deficiência que estudam nas escolas públicas. Desse total, 12% têm um grau de deficiência que é impossível a convivência. O que o nosso governo fez: em vez de simplesmente jogá-los dentro de uma sala de aula, pelo ‘inclusivismo’, nós estamos criando salas especiais para que essas crianças possam receber o tratamento que merecem e precisam”, afirmou o Ministro da Educação.
A fala do ministro foi criticada por instituições e educadores, e uma moção de repúdio foi apresentada pela vereadora Andressa Daiany, do Mandato Coletivo Nossa Voz (PT), em conjunto com a presidente da APAE Itajubá, Mariana Mesquita; a fundadora da Associação Grupo Apoio à Inclusão de Itajubá, Ana Carolina Freire; e a defensora dos direitos dos familiares da pessoa com deficiência, Neide Hiene.
Entretanto, o texto foi reprovado por 6 votos a 5. Votaram a favor da moção de repúdio, além de Andressa, os vereadores Pedro Gama (PV), Silvio Vieira (PV), Markinhu Meireles (PSD) e Marcelo Krauss (Progressistas).
Os votos contrários foram de Rodrigo Melo (Republicanos), Rafael Rodrigues (DEM), Sebastião Silvestre (MDB), Kener Maria (PL) e Chiquinho do Euzébio (PTB). Por conta do empate, o voto de minerva foi do presidente da Câmara, Robson Vaz (PSDB), que votou contra a moção.
Diante da recusa, tanto a AGAI como a APAE criticaram a postura do Legislativo e do ministro da Educação. As instituições afirmaram que o poder público tem responsabilidade de oferecer condições para que as pessoas com deficiência tenham o mesmo nível de aprendizado que os alunos sem deficiência.
“A prioridade não seria separar os grupos de aprendizados de acordo com os interesses do nosso representante no Ministério da Educação, mas sim em dar mais acolhimento e estrutura para nossa educação nacional, de modo a fornecer uma educação qualificada para que o bom desempenho escolar, de qualquer aluno, seja motivado pelos mecanismos técnicos e aprimorados na educação”, afirmam.
Para melhorar a qualidade do ensino, ambas as instituições disseram que é preciso um suporte maior de profissionais capacitados para possibilitar a inclusão e o aprendizado.
“Não basta querer separar os grupos para resolver os problemas de aprendizado em qualquer instituição de ensino. O que deve ser feito é o próprio poder público gerenciar, com maior atenção, às necessidades escolares de uma maneira geral, sem colocar muros entre grupos de pessoas, ainda que deficientes”, dizem.